Em novembro de 1983 - já fazendo parte do RRC de São Paulo - e tendo fundado o RRC II, em Recife - passo em frente ao Ginásio Geraldão, na Imbiribeira, na Capital Pernambucana, e fico surpreso com a faixa que não me deixa dúvidas: "Show de Raul Seixas sábado". Como é que ninguém me disse?! Nada de aviso de Sylvio Passos - mesmo ele tendo meu telefone e endereço?! Nada de nenhum orgão da Imprensa - mesmo sendo este Fã-Clube o único do Nordeste na época - e um dos mais antigos do Brasil?!
Mas era muita alegria para pouca revolta. Raul estaria na Terrinha e tudo bem. "caio em campo" assim que chego em casa: Corro para o telefone para avisar aos associados do RRC II. A divulgação da produção do show foi fraca - para não dizer horrível. A do Raul Rock Club II foi bem mais eficaz. Mas a notícia boa contagiava - era um misto de surpresa e alegria esfuziante. O Maluco Beleza estava na área.
Camiseta que Alexandre Seixas fez e deu para Raul em 1988 |
Chego no local do show com 3 amigos: um raulseixista, um quase e outro vizinho-penetra - Flávio Pimentel, Marcus Vinicius e Zé Mauro. Flávio já tinha conhecido Raul há poucos minutos e me incentiva a fazer o mesmo. Reluto por algum tempo, mas a bendita cerveja me anima a ir falar com Raulzito. Ao chegar em frente ao camarim, quase fomos barrados pelos seguranças da produção. Mas nem vacilo. Olho para minha camiseta com estampa de Raul e solto o blefe: "Somos da produção do show". Antes que o segurança respondesse, vi Raul Seixas dizer: "Deixas os meninos entrar"... E entrei triunfal. Apertamos as mãos, me apresento como Alexandre Cavalcanti - o fundador e presidente do Raul Recife Rock Club. Seixas era todo gentileza comigo e com minha turma. Nos convida para sentar, enquanto afina a guitarra e passa o repertório. Ainda canta e toca um pedacinho de "Let me Sing, Let me Sing" - no mesmo instante em que Vinicius falou nesta música ainda desconhecida para mim. Dou a saudação: "Viva a Sociedade Alternativa!" Raul sorri e agradece; "É isso aí. Legal!" Oferecemos cerveja, ele recusa por ser gelado e comprometer a voz - vejam como ele estava organizado, kkkkk - e nos oferece água mineral, que aceitamos quando Vinicius filosofou: "Não é todo dia que se toma água com Raul Seixas" (risos gerais). Sem perder tempo, fomos pegando autógrafos.
Raul esteve em Recife - em novembro de 1983 |
Pergunto por Sylvio Passos - que eu só conhecia por cartas, Zine e telefone, sem ter visto nenhuma foto - e Raul diz: "Olhe ele aqui". Deste papo surge o novo novo para meu fã-clube: Raul Rock Club II. Raul sacramenta: "É bom porque um faz a propaganda do outro". Conversamos sobre 3 coisas principalmente: Rock, Sociedade Alternativa e comida nordestina. "Mito obrigado, Alexandre por ter fundado o fã-clube, diz Dom Raulzito. Pergunto se a esposa Kika tinha vindo também e ele responde com um sorriso maroto: "Não, vim solteiro..." Pimentel propõe uma troca e Raul aceita na hora: O óculos escuros dele pelo de Raul Seixas. A alegria só aumentava. Achamos por bem sair para o concerto não ficar ainda mais atrasado. Estávamos na primeira fila e nada do "louco-mor" aparecer. Alguns perguntavam se ele viria mesmo: "Eu tava com ele agorinha - pinta já", eu respondia. Alguém da produção de Raul me chama apressadamente. Ele queria o seu óculos de volta, pois o de Flávio - de tão velho - não se fixava em seu rosto -, até um arame fazia o papel do parafuso, notei depois. KKKKKKKK. Trocamos - haveriam outras vezes...
Raul: Sempre gentil com seu público |
- Continua -
Nenhum comentário:
Postar um comentário